A Importância da Gestão de Riscos Estruturada para Conformidade com a CVM 175

Bruno Haas

A Resolução CVM 175, publicada em dezembro de 2022, trouxe uma série de mudanças importantes na regulamentação dos fundos de investimento no Brasil, consolidando e simplificando as normas anteriores. Entre os aspectos mais críticos dessa resolução está a necessidade de uma gestão de riscos estruturada, fundamental para garantir a conformidade dos fundos com as exigências regulatórias e a proteção dos investidores.

A CVM 175 e a Gestão de Riscos

A CVM 175 introduziu uma abordagem mais detalhada e rigorosa para a gestão de riscos nos fundos de investimento. Essa resolução exige que todos os gestores de fundos implementem um sistema de gestão de riscos que seja capaz de identificar, mensurar, monitorar e mitigar os diversos riscos aos quais os fundos estão expostos.

Os principais tipos de riscos abordados pela CVM 175 incluem:

  • Risco de Mercado: Refere-se à volatilidade dos preços dos ativos financeiros que compõem o portfólio do fundo.
  • Risco de Crédito: Relacionado à capacidade de pagamento dos emissores dos ativos em que o fundo investe.
  • Risco de Liquidez: A possibilidade de o fundo não conseguir liquidar seus ativos em tempo hábil para atender a resgates de cotistas ou outras obrigações.
  • Risco Operacional: Envolve falhas em processos internos, sistemas ou recursos humanos que podem impactar o funcionamento do fundo.

A gestão de riscos estruturada é essencial para assegurar que o fundo opere dentro de parâmetros aceitáveis de risco, protegendo o capital dos investidores e garantindo a estabilidade e a solidez do fundo.

Responsabilidades do Gestor de Riscos na CVM 175

O gestor de riscos tem um papel central no cumprimento das exigências da CVM 175. Suas responsabilidades são amplas e incluem:

  1. Desenvolvimento e Implementação de Políticas de Risco:
    • O gestor deve criar políticas de gestão de risco que estejam alinhadas com a estratégia de investimento do fundo e que atendam às exigências regulatórias. Essas políticas devem ser claras, detalhadas e revisadas periodicamente para refletir mudanças nas condições de mercado ou na regulamentação.
  2. Identificação e Mensuração de Riscos:
    • É fundamental que o gestor identifique todos os riscos aos quais o fundo está exposto. Para isso, ele deve utilizar ferramentas e modelos quantitativos para medir a exposição a esses riscos, como Value at Risk (VaR), testes de estresse e análises de sensibilidade.
  3. Monitoramento Contínuo:
    • A gestão de riscos não é uma tarefa única, mas um processo contínuo. O gestor de riscos deve monitorar diariamente os indicadores de risco do fundo, garantindo que o portfólio permaneça dentro dos limites estabelecidos pelas políticas de risco.
  4. Adoção de Medidas Corretivas:
    • Caso os riscos ultrapassem os limites definidos, o gestor de riscos deve adotar medidas corretivas imediatas. Isso pode incluir o rebalanceamento do portfólio, a venda de ativos mais arriscados ou a adoção de estratégias de hedge.
  5. Relatórios e Transparência:
    • O gestor de riscos é responsável por fornecer relatórios periódicos detalhados sobre a exposição ao risco do fundo, as medidas de mitigação adotadas e o cumprimento das políticas de risco. Esses relatórios devem ser transparentes e acessíveis tanto para os investidores quanto para os reguladores.
  6. Educação e Treinamento:
    • O gestor de riscos também deve garantir que toda a equipe envolvida na gestão do fundo esteja ciente das políticas de risco e devidamente treinada para identificar e responder a riscos emergentes.

Conclusão

A gestão de riscos estruturada é um dos pilares fundamentais da Resolução CVM 175. Ela não apenas assegura que os fundos de investimento operem dentro dos parâmetros de risco aceitáveis, mas também protege os investidores e garante a conformidade com as regulamentações. O papel do gestor de riscos é crucial para o sucesso dessa gestão, sendo ele o responsável por desenvolver, implementar e monitorar as políticas de risco do fundo, garantindo que todas as operações sejam realizadas de forma segura e conforme as exigências da CVM 175.

A conformidade com a CVM 175, portanto, não é apenas uma questão de seguir regras, mas de adotar uma abordagem proativa e estratégica para a gestão de riscos, garantindo a longevidade e o sucesso dos fundos de investimento no mercado financeiro.

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